segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Miniconto - O príncipe Vlad empala, não brilha.

Estava de boa por ai nas interwebs da vida, usando minha rede social e resolvi tirar um barato de uma saga que acho detestável. Como teve um razoável retorno da publicação em meu mural, resolvi aproveitar no blog.

O príncipe Vlad empala, não brilha.

Gabriel namorava Juliana há 3 meses. Achou que estava tudo ok, passado o período eufórico do começo, tudo estava tranquilo e caminhava bem.

Eis que um dia um pedido de Juliana mudou tudo isso...

- O que vamos fazer nesse fim de semana?
- Não tenho nenhuma ideia ainda.
- Ai Amor, então vamos ver 'Amanhecer' no cinema.
- 'Amanhecer'? Aquele do 'Crepúsculo'?
- Sim!
- Cê tá louca!
- Por quê? Eu quero ver e você como meu namorado tem que me acompanhar.
- O que?! Onde diz que tenho que fazer isso?! Pode ir se você quiser...
- Não! Quero ir com você!
- Mas eu não quero!
- Você não gosta de mim?!
- Eu não gosto do filme!

- Se você gosta de mim, deveria fazer esse sacrifício...

Agora, cansado da solidão e dos foras, Gabriel passa as noites de bar em bar. Até bate um arrependimento e ele pensa em ligar, principalmente quando já está alto, lá pelas tantas. Mas quando passa em frente vê algo que lhe lembre da saga, ele sorri, balança a cabeça e pensa "melhor agora, melhor assim".

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A um passo da loucura (ou já atolado nela)

Oeee! Quem é vivo, sempre aparece, já diria o velho ditado. 

Depois de um tempo desaparecido, eis que surjo novamente, com uma nova postagem. Dessa vez não é poesia e nem autoral, mas é um texto de apoio moral que achei digníssimo e justo de ser publicado, também, auto explicativo das ausências prolongadas. Não que eu seja um produtor extensivo de conteúdo, mas gosto de manter um pouco mais que minimamente abastecido o blog.

Recebo um sms de Camila Gervaz pedindo ajuda para a prova de Literatura Portuguesa  IV que teremos amanhã (eu sei, só esse post e vou estudar, prometo). Mandei a resposta dizendo que no fim de semana eu pegaria o material que tenho para estudar e assim poderia lhe enviar alguma coisa que fosse de ajuda.

E chega a noite de domingo. E o que fiz? Nada. Simplesmente não consegui. Ou porquê tive que arrumar o quarto, ou porquê tive que me arrumar (fazer barba e outras coisas, afinal ainda não optei por virar hippie nem mendigo), ou por quê recebi bons convites para a noite ou por quê tive que levar a Angelina na veterinária. Enfim, chega um ponto na graduação e, principalmente, no fim do semestre onde tudo mais é interessante de se fazer, menos o que se relaciona a própria graduação. Eu faço Letras e vou dizer, até ler manchete dói, ainda mais com o nível erudição normativa dos jornais para ajudar (eles dizem ter, só que não, e defendem isso e a norma a ferro e fogo).

Eis aqui o email de desabafo da e minha incapacidade:
Camila, não sei se vou conseguir te ajudar por que não estou conseguindo me ajudar pra essa prova. To no modo de travamento acadêmico. To fudido, em resumo. Acho viável pesquisar sobre as questões das consequências do colonialismo português para Portugal e ler para se preparar. Veja tbm a "Psicanalise mítica do destino português", dado em classe. É um texto muito viável para apoio. 

Bjo e boa sorte!
 E aqui a resposta de apoio:
"Definição:

travamento acadêmico (também bloqueio, desespero, saco cheio ou vontade de mandar tudo pra pqp) ocorre de tempos em tempos na vida acadêmica de todo e qualquer indivíduo que esteja inscrito em um curso cuja duração ideal seja superior a 3 anos e a duração real seja indeterminada. A época em que este tipo de enfermidade costuma aparecer são os chamados fins de semestres, embora seja comum a existência de uma "crise existencial" anual a partir do terceiro ano.  (Crise existencial é um fenômeno semelhante ao travamento acadêmico em que o indivíduo aspira a uma vida social, leituras por fruição e a possibilidade de ir a teatros, cinemas ou dormir por mais de 4 horas, sendo que durante os períodos que precedem a crise o estudante costuma realizar dietas de 0 a 4 horas de sono).

Tratamento:

Os tratamentos mais indicados consistem em submenter o indivíduo afetado a uma elevada dose de álcool, normalmente acompanhada de passos de dança e conversações cujo teor não possua nenhum vínculo direto (ou mesmo indireto) com a área de estudos do paciente. Os temas mais recomendados são atividades de ócio e sexo.

Alguns afirmam que também há uma técnica bastante eficaz chamada "mandar tudo pra pqp", mas há os que recomendam também doses diárias de atividades físicas que liberam suor e serotonina ou alimentos em que a substância esteja presente (acompanhada de muito açúcar).

Esse foi o meu momento de relax pra esse fim de semestre, espero ter te ajudado de alguma forma e qualquer coisa, dá um grito e a gente vê um filme, toma um café ou come chocolate!!!

Bjs e se cuida"
Esse post é uma homenagem a Camila e todos meus amigos que me apoiam de alguma forma, a Angelina que está doente, e principalmente a você, estudante universitário que, como eu, está num momento de crise existencial brava com a graduação, consigo e com o mundo.

Chega um momento em que você escolhe, ou uma carreira brilhante ou uma vida brilhante. Já ouvi e vi muitos casos de acadêmicos que passam a vida enfiados nos estudos e acabam sendo os que mais perdem a linhas nas festas por aí. Lógico, dose bem para não virar um boçal, mas a grande sacada é "leve a vida leve".

domingo, 30 de setembro de 2012

Poema - Satélite

Meio que pensei em voltar aqui quando estivesse bem inspirado ou com algo legal para partilhar. A ideia inicial do blog se perdeu, foi consumida pelas prioridades e urgências da vida, mas nem posso reclamar. Qualquer causo, coisa ou situação é leve perto do que já passei, mesmo estes reveses acabam sendo pequenos.

Não manter uma ideia desde seu principio seria algo negativo? Não poderia ser encarado como uma evolução?

As vezes me pego pensando assim. Até que ponto as experiências são negativas? Não seriam só experiências? É nosso ponto de vista que vai dar o tom, ao final. É ele que vai definir o que é bom ou não. O fato (meu fato) é que tudo tem dois lados a se considerar.

Ao mesmo tempo em que me afastei de certas pretensões que tinha, acabei me aproximando mais de mim. A vida, para variar, continua me ensinando coisas novas em cada dia que se passa. Mesmo quando parece não se ter o que aprender, depois de um tempo acontece da memória trazer a tona considerações, frase e toda sorte de coisas mesmo dos dias mais mornos.

E mesmo quando as noites parecem perdidas, quando a única coisa que sobra é comer os quilômetros de asfalto de volta para o seu canto no mundo, podemos ter uma bela surpresa, olhando no horizonte uma lua cheia, amarela, sólida, hipnotizante e praticamente absoluta no céu. 

Não nhá em mesmo um misero descrente que não se inquiete com um visão dessas.

Satélite

A Lua mimetiza um sol suave
no escuro profundo e sensorial,
Ela, que é a deusa dos desejos leves.

Flutuando, medito o bem e o mal.

Suave e leve, posto que alforria
a humanidade dos grilhões da moral.
Na Terra não é sensível sua gravidade.

Magnética, inunda olhos e coração.
Sua luz atrai olhares e mares,
a sombra leva ao futuro a visão.

Humano coração não sabe a gravidade.

Inconscientes, a alma e a razão,
Não sabem quão bem se casam
Seu sentir sentidos, seu cálculo racional.

O humano não pode ser metades
independentes, ou fazer sentido
ou todo um ser de emoção.

A Lua ensina pois ela É,
Mas também inspiração.
Foto: Melissa Coelho

domingo, 2 de setembro de 2012

Poema: A vida na superfície da folha em branco

Simples, direto e sem firulas. Esse poema assim saiu e assim vai. Foi meio como redescobrir o tesão juvenil de escrever versos. 

É bom, não é? Não sei.

Sei que é quase uma prosa, que proseio com você que aqui está para ler estas linhas.

E ae, tua vida ta passando em brancas nuvens?


A vida na superfície da folha em branco

Em pé, vivendo e morrendo continuamente. 
Essa é a ordem natural da vida.
O velho, a base do novo que nasce e que vem. 
Seu pó, alimento das sementes que também o serão.

Me mantenho firme, vivendo e acumulando histórias, 
para quando meu cofre delas se encher,
eu poder acumular outras mais.

Em pé mantenho a postura, punhos cerrados.
Luto, constantemente.
Passar em branco não é uma opção.

Vou vivendo, rabiscando folhas,
retirando os brancos absolutos 
com meus pesadelos e sonhos.

Acumulo minhas e outras histórias.
Viver em branco não é uma opção.
A vida na superfície da folha em branco,
em brancas nuvens não passará.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Apartidários x Apolíticos, conceitos diferentes postos no mesmo plano

Dia desses circulando pelo Facebook me deparei com uma declaração que dizia que a pessoa apolítica era um "direitóide alienado". Não lembro do restante dos itens que compunham a característica do sujeito assim classificado, até porque este foi o termo que me chamou a atenção.

Há muito, muito tempo que se vincula a partidarização aos processos politico-democráticos e conceituam-se estes espaços como exclusivamente válidos para que a política aconteça de forma mais abrangente.

Isso porém tem explicação histórica. No início da história dos movimentos de cunho popular, a partir da Revolução Francesa, a formação dos partidos era vista como uma das soluções para conseguir organizar os trabalhadores e chegar as conquistas que eram propostas. Outra seriam os sindicatos.

Anos se passaram e o que presenciamos hoje em dia são partidos e sindicatos que (segundo suas cartas-programa e suas linhas de pensamento ideo-filosóficas) deveriam proteger os interesses da parte da população a que se comprometeram e de quem adquiriram confiança e votos, muitas vezes fazendo o jogo do e com o setor oposto.

Há uma frouxidão terrível e inacreditável com os princípios estabelecidos. Daí se origina a outra deturpação dos termos, com o cidadão que se declara apolítico. 

A política é algo inerente ao homem. Como disse Aristóteles "o homem é por natureza um animal político". As relações com o mundo são estabelecidas politicamente e mesmo quando optamos por não discutir assunto com essa temática estamos tomando uma decisão política. 

Ou seja, negar a política é se propor a voltar a um estado natural bruto.

Enfim a pessoa que se diz apolítico é sim alienado, mas não necessariamente de direita e sim massa de manobra, disponível  para ser utilizada por quem tenha interesse nisso, em qualquer meio que seja, não necessariamente só no que se refere a política. Não é por que repita discursos de esquerda que será um esclarecido. 

O apartidário não possui filiação ou vinculação com os partidos e suas linhas ideológicas. Não necessariamente significa que este não compartilhe das filosofias daqueles, mas não o aprisionamento ou o compromisso de se manter fiel, mesmo em articulações feitas nas quais não concorde. Vide o pobre petista que tenha que respeitar a decisão da direção do partido em receber o apoio público do até então arqui-inimigo Paulo Maluf, com Lula, figura lendária na história do partido, protagonizando uma das imagens mais terríveis das ultimas décadas. Se o atentado de 11 de setembro marcou a década passada, para mim é análoga essa imagem com essa década. Pelo menos minha estupefação foi a mesma.

Enfim, o apolítico é um fenômeno social e antropológico, resultado de (rá!) políticas conjuntas  que envolvem vários setores e escalas da sociedade, com intuito de desmotivar a participação social do cidadão, permitindo assim melhor e maior controle deste e de seu conjunto (sociedade). O apartidário é só uma pessoa que cansou da nojeira feita por aqueles que deviam o representar.

Por que estou falando tudo isso? Porque é perigosa essa analogia. Colocar apartidário e apolítico no mesmo plano é só repetir um padrão que favorece aos que detêm o poder. É dizer que política se faz só por pessoas preparadas que estão dentro de partidos, que se você não tem partido é um alienado. Essa é simplesmente uma das formas de se aumentar o abismo entre o cidadão e as decisões que lhe compete.

Eu logicamente acredito que com uma união e um espaço onde se possa discutir política é de suma importância para o desenvolvimento social e do indivíduo, mas desacredito que os partidos políticos sejam os únicos espaços, como geralmente se dá a entender.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Férias, literaturas profanas e Metallica

Eu estou aqui, sentado, como em tantas outras noites. Curto meus últimos momentos de férias. Aproveito meus últimos momentos de sacrilégio acadêmico. Os intelectuais mortos bem sabem que este semestre foi uma perda de emoção, paciência, figado, tempo. Creio que não se revirarão nos túmulos, afinal há tantos bons seguidores lhes acendendo velas e incensos, que eu não lhes faço falta.

Um dos pecados foi ler um livro sobre vampiros (mais tradicionais e sanguinários, por favor...). Bento de André Vianco. Tirando uns furos que passaram desapercebido pelos editores (maldito olhar clinico ensinado pela acadêmia e que não nos abandona, impossível de desligar) a história em si é boa. Poderia se classificar como uma típica historieta holywoodiana, se deixar de considerar que o livro seja uma trilogia, sendo este o primeiro. Por saber disso, o final mais me pareceu como termino de temporada de seriado, com todos os personagens num "momento de paz", o vampirão do mal lá guardado no caixão, com seu lacaio também curtindo a mesma música que a galera. Bem Lost (quem viu e lembrar da primeira temporada, vai sacar a analogia).

A decepção literária da vez: H. P. Lovercraft. Estava há anos procurando algo dele pra ler. Achei numa banca de livros e comprei. Porra, tinha o conto The call of Ktulu, que inspirou Cliff Burton a compor música homônima no Metallica. Mas os contos, até onde li, não traziam nada muito novo e forçavam em conseguir a verossimilhança e a atenção do leitor. Acho que os narradores parecem estar fofocando, algo como "Menino, olha, se eu não tivesse visto não acreditava no que te falo, mas vi com esses olhos que a terra há de comer. Se não fosse isso, achava que era mentira, ou droga, mas não é. Eu tava sãozinho". 
The Call of Ktulu - Metallica

Mas a culpa não é do Lovercraft. É da acadêmia. Ela me tornou um chato. Mas to cuidando disso, por que a acadêmia é insossa, não dá tesão e eu já vi que minha alma eu não penhoro. 

Minha irmã, se ler essa postagem, desculpe aí pelo comentário do Lovercraft, mas é isso ai mesmo. Você está mais pura, então vai aproveitar. Não se deixe levar por mim. 
Ah! Também faça o favor de assim que terminar de ler o livro me devolver, por que não terminei e quero que se foda se os personagens parecem uma velha fofoqueira, por que eu demorei para achar, comprei o livro e vou terminar de lê-lo para compensar a busca, a espera e o empenho da verba.

O livro que merece menção é 1984, de George Orwell. Queria ter feito varias anotações, mas é emprestado. Depois que comprar o meu, vou ler de novo e mandar ver no lápis. Recomendo que leiam e se já o fizeram, repitam. Observem que nossa sociedade não está tão distante daquela, principalmente a brasileira. Duplipensar, deter o rumo da história, a gente se vê por aqui (o trocadilho infame tem toda a razão de ser, quem leu entendeu, quem não leu, o faça).

Num post futuro comentarei desse livro e explanarei o por quê dessa profunda relação que acredito existir. 

Bom, leiam também Lovercraft. Leiam tudo que gostarem. Não deixem que uns metidos a besta lhes digam o que é bom ou não. Lógico, adquiram senso crítico, mas não deixem de gozar os seus prazeres literários.

P. S. : Ride the Lightning é o melhor álbum do Metallica. E tenho dito.

Mudança de visualização

Depois de enfrentar um pouco de problemas com a visualização em Flipcard, eu resolvi alterá-lo para Magazine (a visualização atualmente disponível). 

A outra era bem interessante visualmente, então, caso sua preferência seja aquela, é só acessar o primeiro item a esquerda do menu inicial, logo abaixo do nome do site. Lá encontrará outras formas disponibilizadas para visualização. Depois de escolhida, para mante-la, salve-a em favoritos enquanto aparece o nome da mesma na barra de endereços.

Ah! Não deixe também de visualizar os outros itens do blog.

Bom passeio!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Cinema - 7º Festival de Cinema Latino-Americano

Pela impossibilidade de manter sempre atualizado o blog com postagens sobre programação eu evito falar sobre algo nesse sentido, me planejando para recomendar filmes, peças ou espetáculos que possam ser vistos de alguma forma posteriormente (em canais de vídeo, alugando, baixando, comprando).

Porém, festivais que adquirem tradição e possuem qualidade merecem uma divulgação, que não perecerá com o tempo (assim espero).

Por isso, faço questão de falar sobre o Festival de Cinema Latino-Americano, que chega hoje em sua 7ª edição 
(programação aqui).

Para esta edição o filme de abertura será o road-movie Um Mundo Secreto (Un Mundo Secreto, Dir.: Gabriel Mariño | México | 93 min. | 2011), que conta a história de Maria (Lucía Uribe), uma adolescente que parte em uma viagem de iniciação com dezoito anos e representa a juventude mexicana, que enfrenta a violência, instabilidade social, incertezas sobre o futuro e as poucas possibilidades de trabalho. Ao que indica no trailer o filme aparenta ter um promissor uso da fotografia

Trailer de Um Mundo Secreto

Um filme que se encontra em destaque no site do festival é Juan dos Mortos (Juan de los MuertosCuba/Espanha | 100 min. | 2011), um filme de zumbis que se passa na capital cubana. Apesar da temática principal, o filme não segue na linha do horror/terror/drama e retrata com bom humor uma Havana tomada por zumbis. Vale como exemplo o lema de Juan (Alexis Díaz de Villegas), o protagonista matador de mortos-vivos, "Nós matamos seus entes queridos".

Trailer de Juan dos Mortos

O festival vai de 12 a 19 de julho, no CINUSP, no Memorial da América-Latina, no Cinesesc e na Cinemateca Brasileira, com entrada gratuita em todas as salas e seções. Veja a programação e se organize. Realmente só não vai quem não quiser.

Particularmente, considero-o realmente digno de ser visto. 

Bem da verdade traz algumas decepções, como por exemplo No Meu Lugar (Brasil | 118 min. | 2009), filme que esteve na 4ª edição do festival, sendo um longa-metragem produzido pelo diretor Eduardo Valente, que poderia ser feito no tempo dos filmes de curta (especialidade do diretor) e acaba perdendo folego no decorrer de sua exibição ou Água Fria do Mar (Água Fría de Mar | Dir.: Paz Fabrega | Costa Rica, França, Espanha, Holanda, México | 83 min. | 2009), filme da 5ª edição, que explora de forma deficiente e pouco dinâmica a relação paralela trocada de maturidade e infância entre uma criança e uma mulher. 

Entretanto, na maior parte, traz ótimas opções, sendo algumas que já passaram em edições anteriores A Casa (La casa Muda | Dir.: Gustavo Hernandez | Uruguai | 78 min. | 2010), que, mesmo com algumas deficiências no roteiro, prende o espectador com técnicas clássicas e bem encaixadas de suspense, e Dawson, Isla 10 (Chile, Brasil, Venezuela | 100 min. | 2009) que retrata de modo equilibrado a vida dos presos políticos, em sua maioria ministros e políticos destituídos, levados à ilha Dawson após o golpe de Estado ocorrido no Chile em 11 de setembro de 1973 (este filme é baseado no livro homônimo de Sergio Bittar,  ex-ministro do governo Allende e um dos detidos).

Vale ainda citar Natimorto (Dir.: Paulo Machline | Brasil | 92 min | 2009) com uma história claustrofóbica e visceral, contando com boa direção e ótima interpretação de Simone Spoladore (os dois anteriores e este são da 5ª edição do festival) e A Babá (La Nana | Chile | 94 min. | 2008), filme tocante e divertido que expõe através da babá Raquel (Catalina Saavedra) questões sobre a alienação, o medo das relações sociais e a chegada da velhice (esteve presente na 4ª e 5 ª edição).

É necessário que se prestigie e valorize o festival, para que não ocorram coisas escabrosas com ele como foi o cancelamento do Festival de Cinema de Paulínia (Não vi a 6ª edição, mas na 5ª participaram as salas do MIS-Museu da Imagem e do Som, duas salas no Memorial da América-Latina e houve melhor divulgação, sendo, então, valida a preocupação). 

Ele é totalmente gratuito (ressalto este detalhe) e leva à um grande publico o cinema produzido aqui e por nosotros hermanos, algo que não teríamos oportunidade de ver em salas comerciais,  nos expondo um panorama interessantíssimo dessa produção audiovisual ano a ano. 

Deixo esse post como um apelo e para que não se esqueçam de anotar em suas agendas (como me ocorreu ano passado) que em julho temos a invasão do Cinema Latino-Americano em São Paulo.

Assistam, participem e divulguem.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Prefácio

Apareceu a oportunidade de concorrer em um concurso literário na universidade em que estudo. Preparei meu material e enviei. Mas é uma pena! Não fui selecionado...

De certa forma eu já sabia que isso ocorreria.
Não por desconfiar de meus poemas, pois apesar de ter muito para aprender, já tenho lá meus conceitos sobre o que é e como compor e conheço ao menos um pouco de metrificação e ritmo.

Eu sabia do insucesso por que a seleção que fiz não é bonita. Não brotam flores, esperança e amores naquelas linhas. Não há na seleção um verso sequer que se salve do tom triste, raivoso e pessimista. É minha critica ao tempo que vivemos e ao comodismo que abraçamos. É um retrato dos comuns, de sua rotina, da falsa liberdade que se vive. É a exposição da fragmentação do sujeito, que tem de viver mascaras diversas ao seu rosto, em mais de um mundo (vide os desdobramentos para sermos, na contemporaneidade,  o sujeito on-line e off-line).

Após ter feito e enviado a seleção de poemas ao concurso, em uma madrugada qualquer, eu abri a janela do meu quarto e vi aquele céu cinza, aquela noite chuvosa ainda em seu impeto. 

E eu no meu escrevi uma pequena crônica, que se tornou um prefácio perfeito para esses poemas que pretendo, em breve, lançar em livro.

Um dos poemas que fará parte do livro é O cidadão no papel, já publicado aqui.

Bom, ao menos esse concurso me serviu para fazer algo que planeja e que achava não ter tempo pra fazer. Pois é, encontrei tempo, tirei da cartola (ou criei vergonha na cara).

Abaixo, segue o prefácio.

>
Prefácio

            Madrugada chuvosa em São Paulo, mas poderia ser qualquer lugar nesse mundo. É outono e faz frio. Sei do poder devastador dessa conjunção, pois abri minha janela e vi como é triste.
            Olho no horizonte e penso nos fragmentos espalhados por aí. Os fragmentos formados pelo ímpeto de nossa sociedade. Eles tentam se abrigar, sendo lavados por estas águas que caem, mas também há, e não posso esquecer, os que estão abrigados, num cômodo conforto. Ainda outros fornecem tickets, notas e cupons fiscais, bebidas, porções, atenção, seus corpos.
            São todos fragmentos, alguns conscientes de serem apenas pedaços, células com uma única função. Outros, perdidos, sem saber direito o seu pra que e para onde.
Outros tantos, ainda, sentem-se inteiros, como eu e você, com nossas casas, quartos, carros, computadores, celulares. Posses que nos dão a impressão de sermos órgãos, coração e cérebro talvez, de um grande corpo ou mesmo este.
            Porém, nada disso, somos realmente apenas umas células, embebidas em pretensões de ser mais.
            Olho no horizonte e lembro dos fragmentos.
            A paz de espírito não é uma opção e a intenção destas linhas é que também se lembre e os perceba quando os verem. O mendigo, o menino no farol e a miséria que o precede, o cobrador, o gari, o catador de lixo, o lixeiro, a pessoa do pedágio, o caminhoneiro, a dona de casa, o idoso, o garçom, o médico, o professor, o que limpa, o que suja, os estressados e oprimidos no trânsito, você. Tanto faz ser homem ou mulher, os gêneros ou as religiões ou as condições, o status, o capital.
           
            Na minha pretensão eu quero que você também sofra.
>

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Música: Bob Dylan - The times they are a changing

Há um tempo publiquei um vídeo do Eddie Vedder fazendo uma versão ao vivo dessa música. Agora, posto a original. 

A letra é atualíssima, mesmo tendo sido escrita, no mínimo, por volta de 1963.




Ela também faz parte da trilha sonora do filme Watchmen (2009).

Aproveitando, fica a dica de verem o filme, pois é uma adaptação da HQ cuja a história foi escrita por Alan Moore,  o autor de V de vingança. 

Apesar das críticas controversas (de forma geral  divididas entre fãs do filme e fãs da HQ, como pode ser conferido aqui e aqui), acredito que vale a pena conferir. Já até existe por ai nas interwebs quem faça a cultuação do filme.

E assim que verem me digam se é bom, por que esse ainda não vi! (Watchmen, pois V de vingança já perdi a conta das vezes que assisti).

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sobre os poemas e suas significações

Estou procurando acrescentar uma explicação sobre os poemas que fiz para ver se melhora a proximidade com quem os lê, porém tenho pensado sobre isso e não sei se é uma boa via. 

Existe toda uma mitificação sobre o ato de fazer poesia e na explicação que dou sobre o enredo pode parecer que a composição seja banal. 

Eu sei o grau de intensidade de cada sensação que foi vivida e que permitiu a criação de algumas destas linhas e não gostaria que virasse uma coisa qualquer. 

De certa forma, entregar também a chave de leitura impossibilita obter um significado próprio e mais amplo por parte do leitor. 

Enfim, vou retirar as linhas explicativas que já postei sobre alguns poemas, pelo menos aquelas mais extensas sobre a intenção das significações e vou procurar escrever mais sobre o ato de compor, em posts individualizados, com referência aos poemas que demonstrarem estes conceitos. 

domingo, 27 de maio de 2012

Poema - Smoke

Smoke

     a paz

 o silêncio

   ainda ouço

murmúrios ao longe...

      o silêncio irreal

        murmúrios de uma multidão real

    uma realidade voadora...

              cada um

        cada tribo

  uma sobrevivência em risos...

         voando

    leve
    
             solto

         como a fumaça do cigarro...

           só

            longe... PERTO!

         murmúrios ao longe...

       EU estou longe...

           vagando...

    termos vagos...

  vago, vazio...

    murmúrios de um oceano

 calmo

  sossegado...

      longe...

        murmúrios de um povo...

            longe... PERTO!

                ME afasto...
                                   e VOU, MANTENHO ACESA A CABEÇA.


>


Revisando as publicações, vi que ainda não havia postado este poema no blog, que foi publicado na Originais Reprovados, conforme já havia divulgado anteriormente.


Como se percebe, gosto de brincar um pouco com o concretismo e com as formas, conforme já havia declarado  sobre meu gosto para composição.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Poema - A Taça

A taça

Quero a vida em uma taça cheia.
Quero a vida que transborda.
Para de um golpe sorvê-la.

Quero me molhar, me encharcar.
Desse viver quero me embriagar.

- Eu quero a vida cheia!

Ser a taça transbordando,
Escorrendo pros cantos,
Molhando o mundo.

Por favor, me sirva.
O limite é a mesa, a terra.

- Deixe a taça transbordar!

Por favor, sirva agora,
Sem miséria, sem demora.

>


De uma sentada escrevi esse poema. 

Enquanto me chamavam para compartilhar e aproveitar o mundo, me sentei para escrever meu universo.

Era um feriado, em um sitio em Juquitiba.

Aquele fim de semana demandava estas palavras.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Crônica - USP: chuva, egoísmo, inundação e desabafo

Universidade de São Paulo. FFLCH. Prédio da Faculdade das Letras.

Dia chuvoso. Mais uma aula maravilhosa do Profº. Antonio Pasta, de Literatura Brasileira III.

Enquanto a aula se desenvolve, um grupo de pessoas está conversando, insistentemente, durante o desenvolvimento do professor. Mais uma vez como tantas outras, ele chama a atenção. São as únicas dentre uma grande maioria de alunos atentos. 

Minha amiga ao lado me informa que são colegas suas na habilitação de alemão. Ela está, com razão, revoltada: esse é o mesmo procedimento que elas têm durante as outras aulas. 

A grande ironia do destino: fazem parte do mesmo grupo de pessoas que durante a greve do ano passado reclamavam que queriam aula. Agora, incomodam quem quer aprender.

Para que, então, querem ter essas aulas? Ainda mais esta, que é uma das mais concorridas, com uma das salas mais cheias, com alunos de fora (vi um amigo da sociais hoje lá e muitos calouros pelo andar do semestre), de outros horários, de outros anos e muitos não-inscritos, impossibilitados pela sistemática da faculdade de se inscreverem na referida turma. Aulas que contam com um alto quorum mesmo em dias de chuva (como hoje), mesmo as quintas e sextas a noite, nos dois horários (19h30-21h00/21h10-22/40).

Para que estas pessoas querem essa aula? Poderiam dar lugar aos reais interessados em aprender. 

Se estivessem prestando atenção, teriam aprendido uma palavra que cairia formidavelmente como um chapéu (da vergonha) sobre suas cabeças: FILISTEU.

Fi.lis.teu (fem. -teia): 3. Pej. Diz-se de pessoa de espírito vulgar, de interesses meramente materiais. (Dicionário on-line Caldas Aulete).

Essa é uma palavra que dentro do conceito elaborado no romantismo qualifica o sujeito que "adere aos valores dominantes não por serem valores, mas por serem dominantes. Ou seja, o sujeito que luta para manter seu status individual, independente das injustiças que possam haver em sua sociedade. 

"O que importa é o meu e foda-se o resto", esse é o lema de um filisteu (ou -teia).

Depois da aula, à porta da faculdade soube de outro amigo que sua sala teve desabamento do teto e inundação em plena aula. Isso num prédio que foi "reformado" durante as férias e foi entregue na semana de começo das aulas (em março).


Vídeo de Kyo Kobayashi

Como fica a segurança dos alunos? Como fica o andamento das aulas? Que reforma foi essa? Foi só uma maquiagem das paredes velhas e a cobertura dos buracos no teto com placas de gesso? Sem citar a entrada que alaga em qualquer chuva que de e impossibilita o "direito de ir e vir" na hora da volta para casa.

Enquanto isso, alunos e professores que se pronunciam sobre (e sob) o sucateamento da faculdade e do prédio são calados com medidas burocráticas e administrativas, numa estrutura que visa o cada vez mais presente silêncio.

Chamar os alunos de desordeiros e vagabundos quando protestam por melhorias é fácil. Difícil é estudar aqui, meus caros.

Aceitem esse caminho, cordeiros. A porteira do abatedouro está aberta.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Pensamento - Não ser tão eu

As vezes tenho medo da besta fera que tenho dentro de mim. Essas vezes são quando ela quase escapa da jaula. Desfaz-se o verniz da civilidade e surge (ou insurge) o puro sentimento, o caos sem razão que o aparte. 

Poderia ser belo pela sua impetuosidade tão próxima a natureza, não fosse minhas estruturas serem abaladas por esse mar revolto. 

Demora um tempo para reformar o prédio. Porém, acredito que ele ficará mais forte ao final.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Publicação de poema - Revista Originais Reprovados


Depois de longa espera, finalmente saiu a publicação de mais um poema nas mídias a fora, dessa vez na revista da ECA (Escola de Comunicação e Artes) da USP, a Originais Reprovados, que está em sua 7ª edição. 

Segue o link para a publicação: 
O nome do texto é Smoke  o número 15).


Esse é o link para o site da Revista: http://www.comartejr.com.br/originais/.
Nele, você pode ter acesso as edições anteriores da revista.
A Originais Reprovados é uma revista literária anual produzida pelos alunos do curso de Editoração da ECA, com o intuito de dar espaço para divulgação de novos autores que não possuem essa oportunidade no mercado editorial.

Lembrando que se você tiver algum texto aí, guardado na gaveta, que acredita ter potencial ou se já escreve a um bom tempo e gostaria de divulgar seu trabalho, eles estão agora no período de recepção de textos para compor a próxima edição. Os textos podem ser enviados no seguinte endereço: http://www.comartejr.com.br/originais/.




sexta-feira, 13 de abril de 2012

Poema - Regras de ouro

Regras de ouro

A vista turva
Não focaliza
Em Nenhum ponto.

Ponto de bus
Muitas pessoas,
Duplas em instantes.

Estão ali,
Mas suas vozes
Crescem distantes.

Encostado
Agarro grades,
O fio débil da mente...

Luto para manter,
Tenho que ficar vivo...
"Eu preciso... meu amigo..."

Meu corpo um gelo.
O vento passa,
Sinto o afago da morte.

Luz, calor,
Esperança! "Eu preciso..."
"Por favor,
Vamos embora!"

A consciência grita,
Mas logo se espalha...

>


A perdição esta para a sede de tomar a vida de uma vez.

Tempo perdido. Mas que tempo perdido? 

Maldita sensação que corrompe e faz esquecer o limite já aprendido e faz incorrer no erro já vivido.

É total a burrice do sentir.

Veja aqui sua licensa Creative Commons para este blog

Licença Creative Commons Este site e seu conteúdo encontram-se sob Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Brasil. Para permissões adicionais ao âmbito desta licença entre em contato com o autor.

DMCA.com Protection