terça-feira, 19 de junho de 2012

Prefácio

Apareceu a oportunidade de concorrer em um concurso literário na universidade em que estudo. Preparei meu material e enviei. Mas é uma pena! Não fui selecionado...

De certa forma eu já sabia que isso ocorreria.
Não por desconfiar de meus poemas, pois apesar de ter muito para aprender, já tenho lá meus conceitos sobre o que é e como compor e conheço ao menos um pouco de metrificação e ritmo.

Eu sabia do insucesso por que a seleção que fiz não é bonita. Não brotam flores, esperança e amores naquelas linhas. Não há na seleção um verso sequer que se salve do tom triste, raivoso e pessimista. É minha critica ao tempo que vivemos e ao comodismo que abraçamos. É um retrato dos comuns, de sua rotina, da falsa liberdade que se vive. É a exposição da fragmentação do sujeito, que tem de viver mascaras diversas ao seu rosto, em mais de um mundo (vide os desdobramentos para sermos, na contemporaneidade,  o sujeito on-line e off-line).

Após ter feito e enviado a seleção de poemas ao concurso, em uma madrugada qualquer, eu abri a janela do meu quarto e vi aquele céu cinza, aquela noite chuvosa ainda em seu impeto. 

E eu no meu escrevi uma pequena crônica, que se tornou um prefácio perfeito para esses poemas que pretendo, em breve, lançar em livro.

Um dos poemas que fará parte do livro é O cidadão no papel, já publicado aqui.

Bom, ao menos esse concurso me serviu para fazer algo que planeja e que achava não ter tempo pra fazer. Pois é, encontrei tempo, tirei da cartola (ou criei vergonha na cara).

Abaixo, segue o prefácio.

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Prefácio

            Madrugada chuvosa em São Paulo, mas poderia ser qualquer lugar nesse mundo. É outono e faz frio. Sei do poder devastador dessa conjunção, pois abri minha janela e vi como é triste.
            Olho no horizonte e penso nos fragmentos espalhados por aí. Os fragmentos formados pelo ímpeto de nossa sociedade. Eles tentam se abrigar, sendo lavados por estas águas que caem, mas também há, e não posso esquecer, os que estão abrigados, num cômodo conforto. Ainda outros fornecem tickets, notas e cupons fiscais, bebidas, porções, atenção, seus corpos.
            São todos fragmentos, alguns conscientes de serem apenas pedaços, células com uma única função. Outros, perdidos, sem saber direito o seu pra que e para onde.
Outros tantos, ainda, sentem-se inteiros, como eu e você, com nossas casas, quartos, carros, computadores, celulares. Posses que nos dão a impressão de sermos órgãos, coração e cérebro talvez, de um grande corpo ou mesmo este.
            Porém, nada disso, somos realmente apenas umas células, embebidas em pretensões de ser mais.
            Olho no horizonte e lembro dos fragmentos.
            A paz de espírito não é uma opção e a intenção destas linhas é que também se lembre e os perceba quando os verem. O mendigo, o menino no farol e a miséria que o precede, o cobrador, o gari, o catador de lixo, o lixeiro, a pessoa do pedágio, o caminhoneiro, a dona de casa, o idoso, o garçom, o médico, o professor, o que limpa, o que suja, os estressados e oprimidos no trânsito, você. Tanto faz ser homem ou mulher, os gêneros ou as religiões ou as condições, o status, o capital.
           
            Na minha pretensão eu quero que você também sofra.
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sexta-feira, 8 de junho de 2012

Música: Bob Dylan - The times they are a changing

Há um tempo publiquei um vídeo do Eddie Vedder fazendo uma versão ao vivo dessa música. Agora, posto a original. 

A letra é atualíssima, mesmo tendo sido escrita, no mínimo, por volta de 1963.




Ela também faz parte da trilha sonora do filme Watchmen (2009).

Aproveitando, fica a dica de verem o filme, pois é uma adaptação da HQ cuja a história foi escrita por Alan Moore,  o autor de V de vingança. 

Apesar das críticas controversas (de forma geral  divididas entre fãs do filme e fãs da HQ, como pode ser conferido aqui e aqui), acredito que vale a pena conferir. Já até existe por ai nas interwebs quem faça a cultuação do filme.

E assim que verem me digam se é bom, por que esse ainda não vi! (Watchmen, pois V de vingança já perdi a conta das vezes que assisti).

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