quarta-feira, 18 de julho de 2012

Férias, literaturas profanas e Metallica

Eu estou aqui, sentado, como em tantas outras noites. Curto meus últimos momentos de férias. Aproveito meus últimos momentos de sacrilégio acadêmico. Os intelectuais mortos bem sabem que este semestre foi uma perda de emoção, paciência, figado, tempo. Creio que não se revirarão nos túmulos, afinal há tantos bons seguidores lhes acendendo velas e incensos, que eu não lhes faço falta.

Um dos pecados foi ler um livro sobre vampiros (mais tradicionais e sanguinários, por favor...). Bento de André Vianco. Tirando uns furos que passaram desapercebido pelos editores (maldito olhar clinico ensinado pela acadêmia e que não nos abandona, impossível de desligar) a história em si é boa. Poderia se classificar como uma típica historieta holywoodiana, se deixar de considerar que o livro seja uma trilogia, sendo este o primeiro. Por saber disso, o final mais me pareceu como termino de temporada de seriado, com todos os personagens num "momento de paz", o vampirão do mal lá guardado no caixão, com seu lacaio também curtindo a mesma música que a galera. Bem Lost (quem viu e lembrar da primeira temporada, vai sacar a analogia).

A decepção literária da vez: H. P. Lovercraft. Estava há anos procurando algo dele pra ler. Achei numa banca de livros e comprei. Porra, tinha o conto The call of Ktulu, que inspirou Cliff Burton a compor música homônima no Metallica. Mas os contos, até onde li, não traziam nada muito novo e forçavam em conseguir a verossimilhança e a atenção do leitor. Acho que os narradores parecem estar fofocando, algo como "Menino, olha, se eu não tivesse visto não acreditava no que te falo, mas vi com esses olhos que a terra há de comer. Se não fosse isso, achava que era mentira, ou droga, mas não é. Eu tava sãozinho". 
The Call of Ktulu - Metallica

Mas a culpa não é do Lovercraft. É da acadêmia. Ela me tornou um chato. Mas to cuidando disso, por que a acadêmia é insossa, não dá tesão e eu já vi que minha alma eu não penhoro. 

Minha irmã, se ler essa postagem, desculpe aí pelo comentário do Lovercraft, mas é isso ai mesmo. Você está mais pura, então vai aproveitar. Não se deixe levar por mim. 
Ah! Também faça o favor de assim que terminar de ler o livro me devolver, por que não terminei e quero que se foda se os personagens parecem uma velha fofoqueira, por que eu demorei para achar, comprei o livro e vou terminar de lê-lo para compensar a busca, a espera e o empenho da verba.

O livro que merece menção é 1984, de George Orwell. Queria ter feito varias anotações, mas é emprestado. Depois que comprar o meu, vou ler de novo e mandar ver no lápis. Recomendo que leiam e se já o fizeram, repitam. Observem que nossa sociedade não está tão distante daquela, principalmente a brasileira. Duplipensar, deter o rumo da história, a gente se vê por aqui (o trocadilho infame tem toda a razão de ser, quem leu entendeu, quem não leu, o faça).

Num post futuro comentarei desse livro e explanarei o por quê dessa profunda relação que acredito existir. 

Bom, leiam também Lovercraft. Leiam tudo que gostarem. Não deixem que uns metidos a besta lhes digam o que é bom ou não. Lógico, adquiram senso crítico, mas não deixem de gozar os seus prazeres literários.

P. S. : Ride the Lightning é o melhor álbum do Metallica. E tenho dito.

Mudança de visualização

Depois de enfrentar um pouco de problemas com a visualização em Flipcard, eu resolvi alterá-lo para Magazine (a visualização atualmente disponível). 

A outra era bem interessante visualmente, então, caso sua preferência seja aquela, é só acessar o primeiro item a esquerda do menu inicial, logo abaixo do nome do site. Lá encontrará outras formas disponibilizadas para visualização. Depois de escolhida, para mante-la, salve-a em favoritos enquanto aparece o nome da mesma na barra de endereços.

Ah! Não deixe também de visualizar os outros itens do blog.

Bom passeio!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Cinema - 7º Festival de Cinema Latino-Americano

Pela impossibilidade de manter sempre atualizado o blog com postagens sobre programação eu evito falar sobre algo nesse sentido, me planejando para recomendar filmes, peças ou espetáculos que possam ser vistos de alguma forma posteriormente (em canais de vídeo, alugando, baixando, comprando).

Porém, festivais que adquirem tradição e possuem qualidade merecem uma divulgação, que não perecerá com o tempo (assim espero).

Por isso, faço questão de falar sobre o Festival de Cinema Latino-Americano, que chega hoje em sua 7ª edição 
(programação aqui).

Para esta edição o filme de abertura será o road-movie Um Mundo Secreto (Un Mundo Secreto, Dir.: Gabriel Mariño | México | 93 min. | 2011), que conta a história de Maria (Lucía Uribe), uma adolescente que parte em uma viagem de iniciação com dezoito anos e representa a juventude mexicana, que enfrenta a violência, instabilidade social, incertezas sobre o futuro e as poucas possibilidades de trabalho. Ao que indica no trailer o filme aparenta ter um promissor uso da fotografia

Trailer de Um Mundo Secreto

Um filme que se encontra em destaque no site do festival é Juan dos Mortos (Juan de los MuertosCuba/Espanha | 100 min. | 2011), um filme de zumbis que se passa na capital cubana. Apesar da temática principal, o filme não segue na linha do horror/terror/drama e retrata com bom humor uma Havana tomada por zumbis. Vale como exemplo o lema de Juan (Alexis Díaz de Villegas), o protagonista matador de mortos-vivos, "Nós matamos seus entes queridos".

Trailer de Juan dos Mortos

O festival vai de 12 a 19 de julho, no CINUSP, no Memorial da América-Latina, no Cinesesc e na Cinemateca Brasileira, com entrada gratuita em todas as salas e seções. Veja a programação e se organize. Realmente só não vai quem não quiser.

Particularmente, considero-o realmente digno de ser visto. 

Bem da verdade traz algumas decepções, como por exemplo No Meu Lugar (Brasil | 118 min. | 2009), filme que esteve na 4ª edição do festival, sendo um longa-metragem produzido pelo diretor Eduardo Valente, que poderia ser feito no tempo dos filmes de curta (especialidade do diretor) e acaba perdendo folego no decorrer de sua exibição ou Água Fria do Mar (Água Fría de Mar | Dir.: Paz Fabrega | Costa Rica, França, Espanha, Holanda, México | 83 min. | 2009), filme da 5ª edição, que explora de forma deficiente e pouco dinâmica a relação paralela trocada de maturidade e infância entre uma criança e uma mulher. 

Entretanto, na maior parte, traz ótimas opções, sendo algumas que já passaram em edições anteriores A Casa (La casa Muda | Dir.: Gustavo Hernandez | Uruguai | 78 min. | 2010), que, mesmo com algumas deficiências no roteiro, prende o espectador com técnicas clássicas e bem encaixadas de suspense, e Dawson, Isla 10 (Chile, Brasil, Venezuela | 100 min. | 2009) que retrata de modo equilibrado a vida dos presos políticos, em sua maioria ministros e políticos destituídos, levados à ilha Dawson após o golpe de Estado ocorrido no Chile em 11 de setembro de 1973 (este filme é baseado no livro homônimo de Sergio Bittar,  ex-ministro do governo Allende e um dos detidos).

Vale ainda citar Natimorto (Dir.: Paulo Machline | Brasil | 92 min | 2009) com uma história claustrofóbica e visceral, contando com boa direção e ótima interpretação de Simone Spoladore (os dois anteriores e este são da 5ª edição do festival) e A Babá (La Nana | Chile | 94 min. | 2008), filme tocante e divertido que expõe através da babá Raquel (Catalina Saavedra) questões sobre a alienação, o medo das relações sociais e a chegada da velhice (esteve presente na 4ª e 5 ª edição).

É necessário que se prestigie e valorize o festival, para que não ocorram coisas escabrosas com ele como foi o cancelamento do Festival de Cinema de Paulínia (Não vi a 6ª edição, mas na 5ª participaram as salas do MIS-Museu da Imagem e do Som, duas salas no Memorial da América-Latina e houve melhor divulgação, sendo, então, valida a preocupação). 

Ele é totalmente gratuito (ressalto este detalhe) e leva à um grande publico o cinema produzido aqui e por nosotros hermanos, algo que não teríamos oportunidade de ver em salas comerciais,  nos expondo um panorama interessantíssimo dessa produção audiovisual ano a ano. 

Deixo esse post como um apelo e para que não se esqueçam de anotar em suas agendas (como me ocorreu ano passado) que em julho temos a invasão do Cinema Latino-Americano em São Paulo.

Assistam, participem e divulguem.

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