sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Amplidão claustrofóbica




O inverno vem trazer
Desespero ao coração.
Comprime o peito o peso
De espíritos suspensos.

O olhar se estende,
Não voa além do teto
De nuvens densas.
Ao muro se prende.

O calor foi com o vento,
Como pessoas que vão, fechadas,
Em fria e úmida indiferença,
Ou jazem pelo caminho, fétidas.

Parece que a luz dos carros
Tencionam cegar, por escárnio,
Estes olhos que aparentam
Um par de velas vacilantes.

Tremem com o corpo que treme,
Pelo frio que se faz presente,
Pelo carinho que se faz passado,
Pela esperança que se faz distante.

Já vivi mil e um sóis intensos
Por mil e uma noites extensas,
Mas hoje o que bate na alma,
No mesmo lugar, é a afiada lamina:
"Morremos no momento que nascemos".

A casa não respira,
Não há quem nela respire,
Nem um (nem meu)
Espírito se lamenta ou geme.

Só o vento lá fora,
Em fria e úmida indiferença.
Só a certeza de que hoje
Morri, um tanto mais do além.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que achou? Coloque aqui o que pensa. É discutindo que vamos construir da melhor maneira a ideia.

Veja aqui sua licensa Creative Commons para este blog

Licença Creative Commons Este site e seu conteúdo encontram-se sob Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Brasil. Para permissões adicionais ao âmbito desta licença entre em contato com o autor.

DMCA.com Protection