terça-feira, 11 de outubro de 2011

O miraculoso nº9

Saiu mais uma edição da revista "O miraculoso" com o tema Invisibilidade.


Tive a oportunidade de mais uma vez publicar um poema na revista. O poema é "O cidadão no papel" e está na página 17.


Vejam, apreciem e opinem.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Para refletir e muito!

Copiado de www.networkingbrasil.com.br

(Particularmente, não achei legal a forma com que construíram o começo da história, mas o ponto de vista apresentado é muito interessante).

Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa:
- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis ao meio ambiente.
A senhora pediu desculpas e disse:
- Não havia essa onda verde no meu tempo.
O empregado respondeu:
- Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com nosso meio ambiente.
- Você está certo - responde a velha senhora -
Nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente.
Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja.
A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.
Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo.
Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nosescritórios.
Caminhávamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 150 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.
Mas você está certo.
Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente.
Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis.
Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts.
A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas.
Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.
Mas é verdade:
Não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles dias.
Naquela época tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto.
E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanhode um lençol, que, depois será descartado como?
Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós.
Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo,não plastico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar.
Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos.
O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.
Mas você tem razão:
Não havia naquela época preocupação com o meio ambiente.
Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos.
Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés de comprar uma outra.
Abandonamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lámina ficou sem corte.
Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época.
Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas.
Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos.
E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.
Então, não é risível que a atual geração fale tanto em meio ambiente, mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Poema - A noite

A noite


Ando só, observo a noite
E seus restos de possibilidades.
Ela agora adormece, cansada...

Transforma-se em sussurros
Que preenchem o vazio
De ruas e avenidas...
          Vidas...

Murmúrios
De conversas encerradas,
Amigos embriagados,
Beijos roubados...
     Dados...

Estes sons flutuam
No vestígio de noite
Que agora descansa,
Para ser noite outra vez...


>


Um poema aos notívagos e todos que embarcarão nas possibilidades oferecidas pela noite. 

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Tao - Ser como a água

(Chupado e devidamente corrigido de O teu caminho)

"O bem supremo assemelha-se á água:

beneficia toda a vida, imperceptivelmente.

Flui mesmo nos locais mais recônditos, onde ninguém escolhe estar,
e, por isso, está muito próximo do Tao.

Habita apenas nos mais calmos lugares.
O seu coração profundo está sempre límpido.

Oferece-se a si mesmo a maior bondade.

Mantém o seu ritmo tal como as suas promessas.

Domina os seus afluentes tal como domina as suas gentes.

Adapta-se as todas as necessidades.

Move-se no momento certo.

Nunca ostenta a sua bondade,
e, por isso, nunca atrai qualquer culpa."


terça-feira, 27 de setembro de 2011

O Miraculoso nº8 - publicação de poema

Em junho tive o meu poema "Ultimas linhas? (O abandono) publicado na revista "O Miraculoso" da UNB em seu nº.8.


Agora, devidamente equipado, divulgo esse material e agradeço aqui publicamente ao pessoal do jornal por esta oportunidade.


Logo sairá a próxima edição.


Aproveitem essa e não percam a próxima!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A revolução será online e usará máscara

Trechos da carta aberta endereçada à OTAN, postada pelo grupo anonymous, com tradução de UpdateOrDie e Link:
Saudações, amigos da OTAN. Nós somos a Anonymous.
Em uma recente publicação, vocês destacaram o Anonymous como ameaça ao 'governo e ao povo'. Vocês também alegaram que sigilo é 'um mal necessário' e que transparência nem sempre é o caminho certo a seguir.
O Anonymous gostaria de lembrá-los que o governo e o povo são, ao contrário do que dizem os supostos fundamentos da 'democracia', entidades distintas com objetivos e desejos conflitantes, às vezes. A posição do Anonymous é a de que, quando há um conflito de interesses entre o governo e as pessoas, é a vontade do povo que deve prevalecer.  A única ameaça que a transparência oferece aos governos é a ameaça da capacidade de os governos agirem de uma forma que as pessoas discordariam, sem ter que arcar com as consequências democráticas e a responsabilização por tal comportamento.
(…)
Quando um governo é eleito, ele se diz 'representante' da nação que governa. Isso significa, essencialmente, que as ações de um governo não são as ações das pessoas do governo, mas que são ações tomadas em nome de cada cidadão daquele país. É inaceitável uma situação em que as pessoas estão, em muitos casos, totalmente não cientes do que está sendo dito e feito em seu nome – por trás de portas fechadas.
(…)
Nós não desejamos ameaçar o jeito de viver de ninguém. Nós não desejamos ditar nada a ninguém. Nós não desejamos aterrorizar qualquer nação.
Nós apenas queremos tirar o poder investido e dá-lo de volta ao povo – que, em uma democracia, nunca deveria ter perdido isso, em primeiro lugar.
O governo faz a lei. Isso não dá a eles o direito de violá-las. Se o governo não estava fazendo nada clandestinamente ou ilegal, não haveria nada 'embaraçoso' sobre as revelações do WikiLeaks, nem deveria haver um escândalo vindo da HBGary. Os escândalos resultantes não foram um resultado das revelações do Anonymous ou  do WikiLeaks, eles foram um resultado do conteúdo dessas revelações. E a responsabilidade pelo conteúdo deve recair somente na porta dos políticos que, como qualquer entidade corrupta, ingenuamente acreditam que estão acima da lei e que não seriam pegos.
(…)
Vocês sabem que vocês não nos temem porque somos uma ameaça para a sociedade. Vocês nos temem porque nós somos uma ameaça à hierarquia estabelecida. O Anonymous vem provando nos últimos que uma hierarquia não é necessária para se atingir o progresso – talvez o que vocês realmente temam em nós seja a percepção de sua própria irrelevância em uma era em que a dependência em vocês foi superada. Seu verdadeiro terror não está em um coletivo de ativistas, mas no fato de que vocês e tudo aquilo que vocês defendem, pelas mudanças e pelo avanço da tecnologia, são, agora, necessidades excedentes.
Finalmente, não cometam o erro de desafiar o Anonymous. Não cometam o erro de acreditar que vocês podem cortar a cabeça de uma cobra decapitada. Se você corta uma cabeça da Hidra, dez outras cabeças irão crescer em seu lugar. Se você cortar um Anon, dez outros irão se juntar a nós  por pura raiva de vocês atropelarem que se coloca contra vocês.
Sua única chance de enfrentar o movimento que une todos nós é aceitá-lo. Esse não é mais o seu mundo. É nosso mundo – o mundo do povo.
Somos o Anonymous.
Somos uma legião.
Não perdoamos.
Não esquecemos.
Esperem por nós…

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Despertar político mantém jovens espanhóis acordados a noite toda


The New York Times
Maiores vítimas da recessão, com desemprego ou salários baixos, jovens espanhóis se voltam à política para lutar por melhorias
Conforme a luz desaparecia, um grupo de jovens manifestantes se sentou em círculo para debater se deveria apoiar um novo imposto sobre transações financeiras. Eles se reuniram quase todas as noites nesta semana, esperando transformar duas semanas de manifestações que tomaram as praças de todo o país e pegaram a classe política de surpresa, em algo mais duradouro – um conjunto de demandas.
"Precisamos de mudanças neste país", disse Ruth Martinez, membro do grupo que está desempregada há quase três anos.
Até recentemente, os jovens espanhóis de hoje eram tratados como uma geração apática, desinteressada na política partidária. Mas a ação dos jovens que tomaram as ruas desde o dia 15 de maio – a certa altura cerca de 28 mil manifestantes passaram a noite na Praça Puerta del Sol, em Madrid – mudou tudo isso, forçando o país a prestar atenção e reconsiderar.
A recessão que tem devastado a Espanha, juntamente com grande parte do sul da Europa, teve um impacto particularmente duro para os jovens, com taxas de desemprego subindo para mais de 40% para os jovens entre 20 e 24 anos de idade, cerca do dobro da média nacional e o mais elevado índice da União Europeia. Muitos deles veem a esperança de melhora limitada a menos que exista uma mudança nas cartas políticas e eles exijam uma nova abordagem para a criação de empregos.
"De repente as pessoas estão falando de política em todos os lugares", disse Maria Luz Moran, uma socióloga da Universidade Complutense de Madrid. "Você vai ao café ou está em pé no metrô e ouve conversas sobre política. Fazia anos que eu não ouvia alguém falar de política nas ruas".
Mesmo os jovens que têm empregos se veem muitas vezes presos em um sistema de baixos salários e contratos temporários. Os contratos foram concebidos para ajudá-los a entrar no mercado de trabalho, mas têm servido para colocar a vida adulta fora de seu alcance. Moran disse que uma pesquisa mostrou que aproximadamente 50% dos jovens adultos de 30 anos na Espanha ainda vivem com seus pais.
"Nós chamamos as pessoas de 32 a 35 anos jovens, na Espanha, porque eles são forçados a viver como crianças", disse. "As pessoas de 30 anos já deveriam ter suas próprias casas".
Poucos especialistas estão dispostos a dizer o que os manifestantes possam conseguir. Mas questões que eram discutidas apenas nas margens da sociedade estão sendo levadas mais a sério. Um jornal conservador de grande tiragem, o ABC, entrevistou especialistas constitucionais esta semana sobre o que seria necessário para mudar a legislação eleitoral, uma das principais reivindicações dos manifestantes, que dizem que o atual sistema favorece fortemente os dois principais partidos políticos do país.
"Eles já tiveram um impacto", disse Rafael Díaz-Salazar, outro sociólogo da Complutense, que acredita que os manifestantes podem representar cerca de 2 milhões de eleitores. "Eles estão forçando as pessoas a olhar para esta geração empobrecida. Eles terão de falar sobre os contratos de trabalho e habitação precários nas próximas eleições. Não podem mais evitar esses problemas".
Subemprego

Os especialistas dizem que há duas grandes categorias de desempregados e subempregados jovens na Espanha. Em um extremo do espectro estão os jovens relativamente ignorantes que abandonaram a escola na década passada, quando a economia do país crescia rapidamente e eles podiam facilmente encontrar trabalho na indústria da construção. Agora, esses postos de trabalho desapareceram e provavelmente não irão voltar.
No outro extremo estão trabalhadores que tenham um ou mais diplomas universitários que não conseguem encontrar trabalho, ou que são contratados por seis meses com salários baixos, muitas vezes em trabalhos braçais que não têm nada a ver com a sua formação.
Lidia Posada Garcia, 26 anos, é uma deles. Ela é ativa no DemocraciarealYA, um grupo que ajudou os manifestantes a se reunir através da internet. Advogada, ela é uma das poucas no seu círculo de amigos que têm emprego. Mas ela diz que recebe como se estivesse fazendo trabalho administrativo. "Nós todos vivemos na casa dos pais", disse ela. "Somos a geração mais bem preparada e qualificada. Mas não há muito para nós".
Um dos slogans dos protestos é "sem empregos, sem casas, sem pensão, sem medo".
Muitos dos manifestantes ficaram tão animados com a quantidade de pessoas nas ruas no dia 15 de maio que decidiram armar suas tendas e ficar. Até o dia 21 de maio, o dia antes das eleições regionais e locais, havia milhares de manifestantes morando nas praças de todo o país, ignorando os decretos governamentais que pediam que partissem.
Desde então, os números de pessoas que acampam todas as noites tem diminuído, apesar das "assembleias gerais" noturnas em Madrid ainda atraírem milhares de pessoas, incluindo turistas curiosos. A Praça Puerta del Sol tem tomado um aspecto de circo. Alguns dos manifestantes usam dreadlocks, mantém uma aparência desleixada e permanecem nas ruas sobre colchões.
Ainda assim, entre as barracas de plástico e tendas artesanais há todo o tipo de atividade, desde massagem até esforços obstinados para organizar, comunicar e chegar a uma lista de reivindicações. Nesta semana os manifestantes estão tentando chegar a um acordo nas assembleias sobre como e quando desmontar as barracas e partir, deixando nas praças apenas alguns representantes.
História

Historicamente, os espanhóis tomaram as ruas com alguma regularidade, como a maioria dos europeus. Mas os eventos são geralmente organizados por partidos políticos e sindicatos, organizações que os jovens têm ignorado. Muitos dos novos manifestantes dizem que estão revoltados com os sindicatos que fazem pouco para representar seus interesses e com os dois principais partidos da Espanha, que consideram corruptos e não representativos.
Os primeiros participantes dizem que os protestos floresceram através do Twitter e Facebook, desencadeados por vários eventos que atingiram as gerações mais jovens, incluindo revelações de documentos pelo site WikiLeaks que mostram que oficiais do governo não foram diretos em suas ações, e a oposição a uma recente lei antipirataria na internet que proibiu sites previamente autorizados que possibilitam o download gratuito de música e filmes.
"O Wikileaks e a lei antipirataria não foram as razões para a movimentação", disse Enrique Dans, um economista e blogueiro que frequenta a IE Business School em Madrid, que se envolveu em protestar contra a lei antipirataria e, em seguida, ajudou a mobilizar seus seguidores. "Mas eles foram a faísca inicial. Assim como o homem que colocou fogo em si mesmo na Tunísia não foi o motivo, mas o estopim para o que aconteceu depois."
Dans chegou à primeira manifestação tarde e ficou impressionado com o comparecimento. "Eu virei a esquina e pensei: 'Meu Deus, tem gente aqui'", disse ele. "Nunca houve um movimento popular como esse na Espanha".
*Por Suzanne Daley

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Polêmica ou ignorância?

Polêmica ou ignorância?
DISCUSSÃO SOBRE LIVRO DIDÁTICO SÓ REVELA IGNORÂNCIA DA GRANDE IMPRENSA

*Reprodução de texto de:
Marcos Bagno
Universidade de Brasília

Para surpresa de ninguém, a coisa se repetiu. A grande imprensa brasileira mais
uma vez exibiu sua ampla e larga ignorância a respeito do que se faz hoje no
mundo acadêmico e no universo da educação no campo do ensino de língua.
Jornalistas desinformados abrem um livro didático, leem metade de meia página
e saem falando coisas que depõem sempre muito mais contra eles mesmos do
que eles mesmos pensam (se é que pensam nisso, prepotentemente
convencidos que são, quase todos, de que detêm o absoluto poder da
informação).
Polêmica? Por que polêmica, meus senhores e minhas senhoras? Já faz mais
de quinze anos que os livros didáticos de língua portuguesa disponíveis no
mercado e avaliados e aprovados pelo Ministério da Educação abordam o tema
da variação linguística e do seu tratamento em sala de aula. Não é coisa de
petista, fiquem tranquilas senhoras comentaristas políticas da televisão brasileira
e seus colegas explanadores do óbvio.
Já no governo FHC, sob a gestão do ministro Paulo Renato, os livros didáticos
de português avaliados pelo MEC começavam a abordar os fenômenos da
variação linguística, o caráter inevitavelmente heterogêneo de qualquer língua
viva falada no mundo, a mudança irreprimível que transformou, tem
transformado, transforma e transformará qualquer idioma usado por uma
comunidade humana. Somente com uma abordagem assim as alunas e os
alunos provenientes das chamadas "classes populares" poderão se reconhecer
no material didático e não se sentir alvo de zombaria e preconceito. E, é claro,
com a chegada ao magistério de docentes provenientes cada vez mais dessas
mesmas "classes populares", esses mesmos profissionais entenderão que seu
modo de falar, e o de seus aprendizes, não é feio, nem errado, nem tosco, é
apenas uma língua diferente daquela — devidamente fossilizada e conservada
em formol — que a tradição normativa tenta preservar a ferro e fogo,
principalmente nos últimos tempos, com a chegada aos novos meios de
comunicação de pseudoespecialistas que, amparados em tecnologias
inovadoras, tentam vender um peixe gramatiqueiro para lá de podre.
Enquanto não se reconhecer a especificidade do português brasileiro dentro do
conjunto de línguas derivadas do português quinhentista transplantados para as
colônias, enquanto não se reconhecer que o português brasileiro é uma língua
em si, com gramática própria, diferente da do português europeu, teremos de
conviver com essas situações no mínimo patéticas.
A principal característica dos discursos marcadamente ideologizados (sejam
eles da direita ou da esquerda) é a impossibilidade de ver as coisas em
perspectiva contínua, em redes complexas de elementos que se cruzam e
entrecruzam, em ciclos constantes. Nesses discursos só existe o preto e o
branco, o masculino e o feminino, o mocinho e o bandido, o certo e o errado e
por aí vai.
Darwin nunca disse em nenhum lugar de seus escritos que "o homem vem do
macaco". Ele disse, sim, que humanos e demais primatas deviam ter se
originado de um ancestral comum. Mas essa visão mais sofisticada não
interessava ao fundamentalismo religioso que precisava de um lema distorcido
como "o homem vem do macaco" para empreender sua campanha
obscurantista, que permanece em voga até hoje (inclusive no discurso da
candidata azul disfarçada de verde à presidência da República no ano passado).
Da mesma forma, nenhum linguista sério, brasileiro ou estrangeiro, jamais disse
ou escreveu que os estudantes usuários de variedades linguísticas mais
distantes das normas urbanas de prestígio deveriam permanecer ali, fechados
em sua comunidade, em sua cultura e em sua língua. O que esses profissionais
vêm tentando fazer as pessoas entenderem é que defender uma coisa não
significa automaticamente combater a outra. Defender o respeito à variedade
linguística dos estudantes não significa que não cabe à escola introduzi-los ao
mundo da cultura letrada e aos discursos que ela aciona. Cabe à escola
ensinar aos alunos o que eles não sabem! Parece óbvio, mas é preciso
repetir isso a todo momento.
Não é preciso ensinar nenhum brasileiro a dizer "isso é para mim tomar?",
porque essa regra gramatical (sim, caros leigos, é uma regra gramatical) já faz
parte da língua materna de 99% dos nossos compatriotas. O que é preciso
ensinar é a forma "isso é para eu tomar?", porque ela não faz parte da
gramática da maioria dos falantes de português brasileiro, mas por ainda
servir de arame farpado entre os que falam "certo" e os que falam "errado", é
dever da escola apresentar essa outra regra aos alunos, de modo que eles — se
julgarem pertinente, adequado e necessário — possam vir a usá-la
TAMBÉM. O problema da ideologia purista é esse também. Seus defensores
não conseguem admitir que tanto faz dizer assisti o filme quanto assiti ao filme,
que a palavra óculos pode ser usada tanto no singular (o óculos, como dizem
101% dos brasileiros) quanto no plural (os óculos, como dizem dois ou três
gatos pingados).
O mais divertido (para mim, pelo menos, talvez por um pouco de masoquismo) é
ver os mesmos defensores da suposta "língua certa", no exato momento em que
a defendem, empregar regras linguísticas que a tradição normativa que eles
acham que defendem rejeitaria imediatamente. Pois ontem, vendo o Jornal das
Dez, da GloboNews, ouvi da boca do sr. Carlos Monforte essa deliciosa
pergunta: "Como é que fica então as concordâncias?". Ora, sr. Monforte, eu lhe
devolvo a pergunta: "E as concordâncias, como é que ficam então?

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O bla bla bla político sobre as chuvas, a nova fábrica de votos.


BBC Brasil
Artigo diz que "por demagogia ou interesses eleitorais, autoridades deixaram que o concreto tomasse os morros" As enchentes e deslizamentos de terra que deixaram mais de 700 mortos na região serrana do Rio são mais um exemplo da “negligência criminosa” das autoridades brasileiras, segundo afirma um artigo publicado nesta quinta-feira pelo diário francês Le Monde.
“A nova tragédia, como outras no passado, ilustra a negligência criminosa de algumas autoridades eleitas. Por demagogia ou interesses eleitorais, eles deixaram que o concreto tomasse os morros, ou mesmo encorajaram a especulação imobiliária”, afirma o artigo.
Para o jornal, “a fúria da natureza tropical” pode ter sido a responsável inicial pelo desastre, mas “os céus têm menos culpa que os homens”.
“Não há fim no inventário das muitas falhas que levaram à tragédia”, diz o artigo, citando falta de capacidade para previsões meteorológicas precisas, inexistência de sistemas de alerta e a ocupação irregular em áreas de risco.
Regra
O diário observa que dados oficiais indicam que 5 milhões de brasileiros vivem em áreas de risco e que a própria presidente, Dilma Rousseff, admitiu que a situação é “mais a regra do que a exceção”.
Para o jornal, as responsabilidades pelo problema estão em todos os níveis do Estado. “A prevenção não faz parte dos discursos dos políticos, totalmente focados em ações imediatas, porque isso daria pouco retorno a eles nas eleições”, afirma.
O artigo observa ainda que o próprio governo brasileiro havia admitido, em novembro do ano passado, que não havia implementado nenhuma das medidas recomendadas para informar, educar e alertar comunidades sob risco. “Nem mesmo com a criação de um banco de dados ou um site na internet”, diz.
O jornal cita ainda a consultora da ONU Debarati Guha-Sapir, do Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres (Cred), de Bruxelas, na Bélgica, para quem é um absurdo que o Brasil, com “apenas um perigo natural para administrar”, não consiga fazê-lo.
“Este foi o 37º deslizamento de terra no Brasil em menos de dez anos”, observa. “Imagine se o país também enfrentasse terremotos, vulcões ou furacões. O Brasil não é Bangladesh, não tem desculpas”, afirma.
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Antes era a seca, agora é o excesso de água que dá uma ajudinha aos nefastos políticos do cenário nacional a angariar votos. Não fazem nada e ainda poem a culpa na natureza ou nas pessoas (tudo bem, convenhamos que tem chovido um bocado e as pessoas não aprendem que se jogarem lixo na rua, haverá retorno, mas...). Há grande conivência e pouco caso deles em relação ao assunto. Contanto que não tenham que gastar nada e ainda possam ganhar algum (com o iptu, por exemplo, de muitas casas de pessoas não tão pobres assim que desabaram, estando em áreas de risco. Se isso não é conivência, não sei então o que seria.)

E você ainda vai continuar acreditando em desculpas furadas? Antes de tudo, os políticos tem que deixar a politica de lado para se tornarem governantes de fato.



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Feliz Ano Novo

É isso ai, sobrevivam um ano novo!

Feliz Ano Novo

via Boteco de Inutilidades - BdI | Inutilidades com conteúdo! em 04/01/11

 





quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Organizando geral!

A ordem do momento é organizar. Colocar ideias no papel e os papeis (úteis) em pastas. Separar tudo que foi acumulado em um ano de faculdade e deixar em algum lugar para a necessidade de uma consulta futura (ou não). Acabar com toda zona que há e se preparar pra mais um ano.


Geralmente nessa época, não executamos só a organização física, mas também a mental e espiritual, para  passar de um ano ao outro mais leves e desatravancados em todos os sentidos possíveis.


Como praticamente só agora terminei esse processo e por questão da pertinência do assunto ao momento, vou mandar algumas dicas que foram elencadas por Viviane Ralisse (mi corazón) em diversos materiais para melhor administração do fator mais importante e decisivo para o sucesso em nossas atividades e seu pleno alcance: o tempo.


Construa o Seu Tempo


  • Se tiver atividades que exijam sua atenção, faça uma por vez. Se tiver alguma que não exija, trabalhe as duas. Exemplo: falar ao telefone e organizar a mesa;
  • Faça escolhas e não se lamente se a escolha for errada, pois isso é perca de tempo;
  • Planejamento estratégico é importante para ter um olhar mais longe e planejar a vida;
  • Usar uma agenda;
  • Programar ações e determinar prazos;
  • Definir objetivos a longo prazo, avaliar o que é preciso fazer, definir os prazos para as realizações;
  • Listar todas as atividades que se repetirão ao longo dos meses (ou os processos): pagar contas, organizar material da faculdade, lavar e passar roupa, organizar guarda-roupa, etc;
  • Não pensar nas coisas que não conseguiu fazer ou terminar: anote o que ainda precisa ser feito;
  • Revisar diariamente essas atividades;
  • Organizar as anotações em listas diferentes: coisas que devem ser feitas no dia, coisas que devem ser resolvidas na próxima ação, coisas que exigem outras atividades feitas em um período maior;
  • Revisar as listas semanalmente.


E essa é a minha dica: nunca deixe de reservar um tempo para si mesmo e para o seu prazer. Viva vivo, não morto-vivo.


Você, curtindo um happy-hour em muitos anos.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Poema - Ultimas linhas? (O abandono)

Ultimas linhas? (O abandono)


O sol é triste, morno.
O dia alteia longe.
Melancólica manhã d’outono
Sussurrando no vento que foge.

Estremeço-me todo,
O coração pressente.
Obscuro sentir vem ao meu lado.
Eu, morte, a saudade, latente.

Dia não cansa de abrir o horizonte,
Raios se chocam à minha fronte,
Mais uma vez expandindo versos.

Sê minha saudade definitivamente.
Deixa de ser tormenta presente,           
Tornando-te uns versos passados.

>

Atualização de 27/09/2011: Saiu na data de hoje a publicação deste  poema na revista O Miraculoso nº08, Pagina 8. 

Apreciem.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Embricolagem - O que é isso???

Epa!
Voltando da bagunça, da desordem, da confusão. Acordando após uma longa hibernação.
Depois de pensar várias possibilidades nesses meses que se passaram, hora de por ao menos uma em prática.
Este blog é o ponto de partida para o desenvolvimentos de ideias, minhas e de quem mais precisar, por isso do nome:


Embricolagem = embrião/embrionário + bricolagem (faça você mesmo)


(Ou seja, isso não ecxiste, é só uma invenção do autor)


Não quero nada fixo, afinal, até as pedras mudam de lugar. Então, que este embrião fique em um eterno desenvolvimento...

Veja aqui sua licensa Creative Commons para este blog

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