terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O meu reino

A decoração de um ambiente é algo orgânico.

A Fielda tá aqui só pra aumentar a audiência
Quando adquirimos um espaço, seja uma mesa num escritório, uma sala, um quarto ou mesmo uma casa, decoramos com aquilo que temos disponível ou compramos fazendo uma projeção daquilo que consideramos por decoração ideal.

Só com o tempo que a decoração efetiva, nascida de nossa interação com aquele espaço, surgirá.

Isso é o que se chama por ‘toque pessoal’, algo que aparece quando pegamos todo um ambiente montado em referências externas e adaptamos ao real de nossa necessidade.

Ganhamos quadros, enfeites, luminárias, acessórios, mancebos, criados-mudos, cadeiras... Enfim, itens tão dispares que muitas vezes precisam ser unidos de alguma forma, e muitas vezes as circunstâncias que nos oferendam esses itens nos forçam às adaptações.

Não queremos ser mal-educados em não receber itens que são dispensados por pessoas queridas.

Mas é exatamente dai que nasce a organicidade de um ambiente, por que a vida é uma troca e pelas trocas que vêm os objetos e por vezes são as nossas necessidades naquele determinado momento que nos faz preterir uma coisa em relação outra.

Assim, quando entulhamos ou uma montagem decorativa não combina mais ou com o ambiente ou com nossas escolhas ou com o que verdadeiramente queremos, fazemos o mesmo movimento -“Hei, você não gostaria de um (a)...”

É dessa forma que o ambiente deixa de ser uma caricatura das revistas e sites de decoração e torna-se nossa propriedade, nosso lugar, nosso espaço.

Os objetos vão passando de mesa em mesa, quarto em quarto, sala em sala, casa em casa, reescrevendo suas histórias, ganhando novas significações em cada passagem e carregando um pouco da história anterior (um arranhão, um remendo, um adesivo, aquela carta ou receita que foi usada para marcar um livro).

Mas por que falar sobre isso?

Hoje ocasionalmente pensando em meu quarto, depois de estar já a quase 3 anos nesse que se denomina ‘meu espaço’,  percebo o quanto ele efetivamente o é.
Acumulei tudo que me agradava, coisas ganhadas e compradas, para aos poucos ir me desfazendo, limpando os excessos e ficando verdadeiramente satisfeito com o resultado a ponto de me sentir seguro e em casa.

Claro, depois de tanto tempo tem paredes que precisam ser pintadas, uma quadro magnético de fotos ganhado e não pendurado, um ou outro bibelô que precise ser repensado e algumas figuras e pôsteres que (talvez) mereçam algum espaço, além de um quadro que agora parece ideal ali, naquela coluna entre a porta do banheiro e vão do quarto ou talvez um espelho.

Bom são ideias, opções e decisões não urgentes a se tomar, mas o espaço é meu e poder ter o controle de quando, onde e como, em pelo menos um aspecto de minha vida, é algo satisfatório, mesmo que a decisão tomada seja não decidir nada e continuar deixando o acaso, ou o impulso, trabalhar.







A certeza e a fixidez não são naturais.


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